segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Brasil teve investimento tardio na educação, afirma doutor em Economia

Marcela Campos

Para Martin Carnoy, professor da Universidade de Stanford (Estados Unidos), países como Brasil e México começaram a investir muito tarde em educação, o que explica em parte a distância que ainda apresentam em relação aos países desenvolvidos. Durante palestra no dia 17 deste mês, Carnoy participou como convidado do Sala Mundo 2011, encontro internacional de educação promovido em Curitiba pelo Grupo Positivo e pela Prefeitura de Curitiba com promoção da Gazeta do Povo. Doutor em Economia pela Universidade de Chicago, o professor falou a uma plateia de aproximadamente 2,4 mil pessoas, no Teatro Positivo, sobre as lições internacionais em educação e os recentes avanços obtidos pelo Brasil no setor. Segundo Carnoy, 80% da população em idade primária (ensino fundamental) dos Estados Unidos já frequentava a escola em 1910. Outros países, como o Japão, também investiram cedo nessa etapa de ensino, enquanto no Brasil a universalização do fundamental ocorreu apenas há alguns anos. Em 2003, 96% das crianças brasileiras de 7 a 14 anos frequentava o ensino fundamental, etapa adequada para essa faixa etária.
"O Brasil e o México começaram a investir muito tarde na educação. Hoje eles precisam investir também nos ensinos médio e superior, porque a economia atualmente é muito mais complexa", ressaltou. Segundo Carnoy, as duas maiores economias da América Latina ainda apresentam baixa porcentagem de pessoas de 25 a 34 anos com ensino médio ou superior, embora as exigências do mercado de trabalho estejam cada vez maiores. Desigualdade de renda - De acordo com Carnoy, a distribuição desigual de renda interfere tanto na aprendizagem dos estudantes quanto os valores investidos em educação. O professor ressaltou que as crianças mais pobres convivem com menos experiências de aprendizagem fora da escola, o que prejudica o desempenho na instituição de ensino. "As experiências de aprendizagem antes da escola são muito importantes. As escolas podem ser incríveis, mas será muito difícil recuperar o que essas crianças não tiveram", disse. Para ele, a corrupção é outro fator que prejudica a qualidade da educação. "Se houver corrupção, você pode investir o que quiser na área que não fará diferença."

Gazeta do Povo, 18/08/2011 - Curitiba PR